Uma tradição passada de mãe para filha, onde cada formato e decoração guardam memórias das mulheres quilombolas que transformavam barro em panelas e peças decorativas. A arte dessas empreendedoras está em exposição no 37º Salão do Artesanato Paraibano, que está sendo realizado em João Pessoa, até o dia 4 de fevereiro.
Este ano, o evento homenageia os artesãos dos quilombos da Paraíba, entre os quais está a aposentada Maria José Rodrigues, do quilombo Ligeiro de Baixo, localizado em Serra Branca, no cariri. Ela conta que aprendeu a arte com a mãe, Rita Feitosa, que, por sua vez, aprendeu com as irmãs. “Sempre trabalhei fazendo louça, desde os sete anos. Minha mãe aprendeu com as irmãs, porque perdeu a mãe muito cedo. Ai ela passou para os filhos. E eu ensinei aos meus filhos, às noras e às netas”, relatou.
Dona Maria José se enxerga empreendedora e tem orgulho das peças que produz. A inspiração, segundo ela, vem das lembranças das peças feitas pela mãe. Atualmente, a venda dos produtos de barro é uma mistura de lazer e de complemento para a renda. “Hoje em dia, faço minhas panelas porque eu gosto. Mas já fiz muito porque eu precisava. Para sobreviver”, recordou.
Em uma região um pouco mais distante de dona Maria José está Gileide Ferreira da Silva. Moradora do quilombo do Talhado, em Santa Luzia, no sertão paraibano. Ela também aprendeu a tirar a arte do barro desde criança, atividade que herdou de suas antepassadas. “As crianças desde sempre aprendiam a mexer com barro e a fazer as peças. Para mim ser artesã, é uma profissão muito boa. Um dom que Deus deu às mulheres do Talhado”, destacou.
Como desafio, Gileide Ferreira atua para não deixar essa tradição secular se perder no tempo e tem incentivado os jovens da comunidade a se engajarem na atividade. “Passar essa cultura para os jovens é muito importante. Assim como eu aprendi com minha mãe e minha avó, quero que eles se interessem. Ser artesã, louceira, como a gente fala, é tudo”, frisou.
Apoio – O Sebrae/PB tem apoiado os artesãos promovendo capacitações e eventos para o setor, a exemplo do Salão do Artesanato Paraibano, realizado em parceria com o Governo do Estado. “É uma cultura muito rica e tradicional na Paraíba e precisamos dar visibilidade a esses artesãos e empreendedores, principalmente no Salão do Artesanato, que é uma vitrine para todos eles”, destacou o gestor do artesanato pelo Sebrae/PB, Jucieux Palmeira.
Entrada gratuita - O Salão do Artesanato Paraibano segue aberto até o dia 4 de fevereiro, de domingo a domingo, das 15h às 22h. O evento está sendo realizado no estacionamento do Hotel Tambaú (Av. Almirante Tamandaré, 299 – Tambaú – João Pessoa). A entrada no Salão do Artesanato é gratuita. Mas pede-se aos visitantes a entrega de um quilo de alimento não perecível que será doado às instituições que atendem pessoas em vulnerabilidade social.
Assessoria Sebrae/PB
Mín. 23° Máx. 36°