Já a partir de hoje, dia 08, a probabilidade de chuva começa aos poucos a subir, trata-se do início da preparação para a estação chuvosa do semiárido da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, que deve começar a partir do dia 14 de fevereiro. Dessa forma prevê o físico, meteorologista, mestre em Meteorologia e doutor em Física Rodrigo Cézar, até o dia 14 chuvas isoladas estão previstas para alguns municípios do semiárido desses estados.
Essas chuvas estarão associadas à atividade da Zona de Convergência Intertropical, principal sistema meteorológico gerador de chuvas no semiárido do setor norte do Nordeste, cuja quadra chuvosa ocorre de fevereiro a maio.
Há atualmente 03 fatores favoráveis para chuvas no semiárido dos referidos estados, são eles: o Oceano Atlântico Sul bem quente na altura da costa leste do Nordeste, a Oscilação Maddem-Juliam com sinal favorável para organizar nuvens precipitantes na região em momentos distintos da estação chuvosa e os vórtices ciclônicos, os quais em janeiro garantiram mesmo que de forma irregular, boas chuvas em muitos municípios do semiárido desses estados inclusive da Paraíba.
Já os 02 fatores desfavoráveis para a estação chuvosa da região são: o Oceano Atlântico Norte muito quente atualmente, aparentemente ainda na fase negativa da oscilação multidecadal do Atlântico, fenômeno que teve início em 2018, dessa forma, espera-se que o mesmo possa ficar mais frio nos próximos meses, algo que é positivo para as chuvas da região, mas atualmente o mesmo está muito quente, algo que não é favorável para as chuvas do setor norte do Nordeste, e o El Niño que continua intenso nos dias atuais, devendo influenciar na circulação dos ventos em altitude sobre o semiárido nordestino até pelo menos o final de abril
Dessa forma pontua o estudioso, mesmo com o cenário apresentado anteriormente, há uma tendência de chover de normal a acima da média no interior desses estados no mês de fevereiro e em grande parte do interior da Paraíba.
Fato que trará um alívio diante das elevadas temperaturas sentidas atualmente, e que são consequências também do intenso episódio atual do fenômeno climático e oceânico El Niño.
Analisando o que é esperado para a cidade de Patos no Sertão da Paraíba, o município tem média pluviométrica em fevereiro de 138 mm no posto pluviométrico da Empaer, de acordo com o estudioso do clima e de várias áreas da Física Rodrigo Cézar, em fevereiro de 2024, Patos deverá registrar um índice pluviométrico de 138 mm ou acima dos 138 mm, finaliza.
Mesmo com a perspectiva de chover bem em fevereiro, as chuvas esse ano em Patos e região deverão cair de forma mal distribuída, ou seja, é possível que chova muito em determinado mês e no mês seguinte chova pouco, fato que poderá provocar quebra na safra de milho na região, também devido ao fato do El Niño aumentar de forma significativa o número de dias seguidos sem chuva, ou seja, o fenômeno aumenta o tamanho dos veranicos dentro da quadra chuvosa , além disso, poderá chover bem em alguns municípios, chover razoável em outros e pouco em outros municípios, configurando uma considerável má distribuição espacial das chuvas. Assim, anos com grande má distribuição espacial e temporal da precipitação pluviométrica são comuns ocorrerem, com o El Niño moderado e principalmente forte configurado na região central do Oceano Pacífico Equatorial.
Mesmo com uma estação chuvosa irregular em 2024, Patos poderá registrar índice pluviométrico superior a 550 mm esse ano, conclui o estudioso Rodrigo Cézar.
Com a quadra chuvosa bem irregular, o estudioso também prevê que em 2024, o Complexo Coremas-Mãe d’ Água poderá ter recarga hídrica inferior a 20%, seguindo a tendência desde 2021;
E que outros grandes mananciais de água do semiárido do estado, e que não recebem águas da transposição do São Francisco poderão ter recargas inferiores a 30% esse ano, como os reservatórios de Capoeira, Cachoeira dos Cegos, Engenheiro Arcoverde, Capivara e Lagoa do Arroz.
Observação: não está descartada a possibilidade de grandes recargas hídricas de forma pontual em reservatórios que abastecem cidades, dessa forma, fenômenos como convecção localizada poderão ocorrer na bacia de alguns poucos mananciais, que poderão ter boa recarga, ou até mesmo na bacia de um grande reservatório, pontua o estudioso.
Em anos de El Niño, nos locais onde a alta pressão persistente associada ao fenômeno estiver fraca ao longo a quadra chuvosa, poderão ocorrer chuvas torrenciais, com potenciais para promover grande escoamento superficial, tal fenômeno ocorrendo na bacia de um reservatório poderá fazer com que o mesmo tenha grande recarga ao longo da estação chuvosa. Em 2016, o fenômeno de convecção localizada aconteceu no Açude de São Gonçalo que abastece Sousa, mas sua bacia localiza-se no município de Nazarezinho, resultado, choveu de forma torrencial na bacia do açude, que na ocasião estava seco, o manancial que estava com apenas 1% de seu volume antes da estação chuvosa chegou a 55%, em outras palavras, teve uma recarga de 54%, ou cerca de 24 milhões de metros cúbicos de água na quadra chuvosa de 2016, na ocasião o estudioso Rodrigo Cézar residia no município de Sousa.
Em 2019, o El Niño era fraco, e todos os outros fatores estavam favoráveis para a ocorrência de boas chuvas em Patos e região no período chuvoso daquele ano, resultado, o fenômeno de convecção localizada ocorreu na bacia da Barragem da Farinha que estava com apenas 5% de seu volume no início da estação chuvosa, o manancial teve uma grande recarga e transbordou.
"É bom frisar que nos dois anos citados, e em todos os outros anos em que correram eventos principalmente moderados e fortes do fenômeno El Niño, a maioria dos grandes açudes que abastecem cidades do semiárido paraibano tiveram recargas hídricas não expressivas", ressaltou Rodrigo.
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