VICTORIA AZEVEDO
DIADEMA, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o pacote de auxílios articulado por Jair Bolsonaro (PL) em ato na Grande São Paulo, neste sábado (9).
Lula lembrou que no início da pandemia os partidos de oposição defenderam o valor de R$ 600 para o auxílio emergencial, enquanto o governo Bolsonaro defendia R$ 200.
O ex-presidente destacou que o auxílio de R$ 600 e os benefícios previstos na PEC para taxistas e motoristas de caminhão só valerão “até dezembro”.
“Olha, por que esse fascista pensa que o povo vai ser tratado como se fosse ignorante ou gado, que ele achava que vai comprar dando um programa para seis meses? O conselho que eu quero dar para vocês é o seguinte: se o dinheiro cair na conta de vocês, peguem, e compra o que comer. E na hora de votar, dê uma banana neles e votem para a gente mudar a história desse país.”
E completou: “É assim que a gente tem que fazer: não recuse o dinheiro não. Se cair, pegue. Compre comida, um sapatinho para o seu filho, compre o que você quiser.
Mas, na hora do voto, é preciso votar em quem vai cuidar desse país definitivamente”.
Lula participou de ato na Praça da Moça, em Diadema, primeiro município paulista a ser governado pelo PT. Em seu discurso, o petista voltou a dizer que irá acabar com o teto de gastos em um eventual governo e fez críticas a empresários.
“A minha causa é provar para a elite brasileira que a gente vai recuperar esse país. Vamos acabar com o tal teto de gastos. O que queremos é fartura de emprego, comida e respeito neste país”, disse.
“Tem gente que acha que eu não gosto de empresários, mas eu gosto. Sabe o que eu fico puto da vida? Faço reuniões e eles só querem saber de teto fiscal, garantia fiscal. Não tem um que abre a boca para falar de garantia social, teto de empregos que vamos criar. Só falam de banco. Queremos saber é do nosso emprego, do nosso salário, da renda que o trabalhador vai ter”, continuou.
O petista também atacou as chamadas emendas de relator. “O orçamento secreto é a maior bandidagem já feita em 200 anos de República [da Independência]. Vamos ter que discutir com o Congresso. Quem administra o Orçamento é o governo. O Congresso legisla e o Judiciário julga”, disse.
Ao final, Lula fez uma defesa enfática da bandeira brasileira e afirmou que ela é de todos os brasileiros. “Ela não é de fascista, é de quem trabalha, é das mulheres, dos negros, da sociedade brasileira. Por isso temos que ter orgulho de usar nossa bandeira”, disse.
O petista estava acompanhado do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), do ex-governador Márcio França (PSB) e da socióloga Rosângela da Silva, a Janja, sua esposa.
Lula cumprimentou França dizendo que ele será “nosso futuro senador”.
Na sexta (8), França anunciou nas redes sociais que desistiu de concorrer ao Governo de São Paulo e que apoiaria o nome de Haddad na disputa.
Sem citar que será candidato ao Senado na chapa encabeçada por Haddad, o ex-governador afirmou que irá cumprir “o combinado” com o PT e irá pedir votos ao ex-prefeito de São Paulo.
Ele disse que havia combinado com Haddad há um tempo que quem tivesse as “melhores condições para governar São Paulo teria que seguir o caminho”.
“Reconheci que ele tem, nesse instante, as melhores condições. Porque ele tem essa pessoa iluminada que é o presidente Lula.”
França disse ainda que Haddad é preparado, idôneo, correto e que quer “muito mesmo fazer uma sintonia importante” entre São Paulo e o Brasil. E afirmou que o mais importante dessa união é fazer com que Lula vença em São Paulo.
“Não é fácil isso, mas vamos fazer ele vencer em São Paulo, que é decisivo. E por isso, dentro dessa decisão, a prioridade é o Brasil. Temos a obrigação de ajudar o Brasil a escolher certo. Faço minha declaração de voto no Haddad, no Lula e no Alckmin”, disse.
O ato foi marcado por troca de afagos entre petistas e França.
Em seu discurso, Alckmin afirmou que o que está em risco no Brasil é o estado democrático. “Vamos nos inspirar nos heróis do passado do 9 de julho para colocarmos para correr esse fascistoide e defender a democracia.”
Em outro momento, ao citar que governadores de São Paulo costumam ter sido prefeitos da capital anteriormente, Alckmin aproveitou para cutucar seu ex-aliado João Doria, a quem chamou de “Dorinha”. “Até o Dorinha foi prefeito de São Paulo”, disse.
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